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BOLETIM CLÍNICO - número 2 - outubro/1997

Boletim Clínico | Psicologia Revista | Artigos

1a sessão

Um fenômeno sonoro (não verbal) significativo nessa sessão, aparece ao final, nos últimos dez minutos: “...Faltavam menos de dez minutos para o término da sessão, e a sala estava completamente bagunçada. Os brinquedos já explorados estavam espalhados pela sala, as embalagens também. Resolvi então avisar Marco que estávamos chegando ao fim da sessão a tempo de que ele pudesse arrumar a sua caixa.”

Quando eu disse a Marco que precisávamos ir embora, ele disse que não iria, que não queria ir. Eu disse a ele que eu estava percebendo que ele não queria ir embora, mas insisti no fato de que isso era necessário.

“- Marco, tá chegando a hora de ir embora. Na semana que vem você pode continuar com essa brincadeira. Você não quer guardar os seus brinquedos na caixa?

- Não.(continuou mexendo no dominó)

- Já tá na hora de ir embora, e se você guardar os seus brinquedos na caixa você vai, semana que vem, encontrar os brinquedos do jeito que você guardou hoje. Esses brinquedos da caixa são seus, e é você quem cuida deles.

- Não quero ir embola!

- Você não quer ir mas tá na hora de ir. Vamos?

- Não quero ir embola!!, grita

- Marco, eu estou entendendo que você não quer ir embora, mas tem algumas coisas que mesmo não querendo a gente tem que fazer. A gente não pode ficar mais nessa sala. Outra pessoa vai ter que usar essa sala daqui a pouco. A gente tem que ir embora!

- Não, não vou! Não quero ir embola!

- Eu se

i que você não quer ir embora, você já disse. A sua vontade é de ficar aqui brincando, né? Mas não pode. Não tem jeito. A gente tem que sair dessa sala. Na semana que vem você continua... Eu vou estar aqui te esperando... Vamos? - Não vou! Não quero ir embola!"

Ele pareceu não considerar os meus argumentos verbais. Instaurou-se um diálogo em que os dois pareciam impermeáveis ao dito do outro- eu argumentava e ele negava, eu argumentava e ele negava..... Assim aconteceu até o momento em que eu permaneci um tempo em silêncio, pensando na próxima estratégia de argumentação.

“Não sabia mais o que fazer para que Marco aceitasse o término da sessão. O nosso diálogo parecia ser infrutífero- um bate boca em que as duas partes tendiam a não mudar suas posições. Era claro para mim que a minha posição teria que, naquele caso, predominar à dele. Além do compromisso assumido com a clínica, de que a sala seria usada apenas por 50 minutos (os quais já haviam passado), era clara a função terapêutica de deixar claro para Marco os limites temporais dos nossos encontros.”

Enquanto eu pensava em silêncio, Marco pegou um telefone e começou a discar. Do silêncio, sobressaiu aos meus ouvidos o som do discar do telefone que Marco estava produzindo: “trrrr, trrrrrrr,trrrrrrr”. Em resposta a esse som, produzi um outro, friccionando um carrinho no chão.

“Estabeleceu-se um diálogo de ruídos: Marco discava o telefone e eu friccionava o carro no chão. Os ruídos variavam na intensidade e na freqüência. Eu procurava produzir um som que tivesse a ver com o som que Marco produzia. De repente, Marco virou-se para mim, tirou o carro de passeio das minhas mãos, e disse: “Esse tá quebado!, Pega esse”. Disse dando-me o carro de ambulância. Virou-se de costas de novo, e voltou a discar o telefone. Eu respondi com a ambulância por mais algum tempo, até a hora em que ele parou de discar”

Penso que o caráter de interação entre Marco e eu, via ruídos, foi percebido também por ele. Marco estava produzindo o som de costas para mim, e, mesmo assim, esperava que eu terminasse a minha “fala” para então “dizer”. Além disso, Marco pareceu estar muito atento ao meu movimento sonoro, pois teve a iniciativa de dizer que era melhor eu trocar de carrinho, pois aquele que eu estava usando estava quebrado. Troquei de carrinho e continuamos o diálogo sonoro. Foi Marco quem sinalizou com o silêncio o fim da nossa conversa.

“Foi então que eu disse:

- Então agora vamos guardar as suas coisas na caixa e ir embora? Surpreendentemente, Marco levantou-se e começou a guardar os brinquedos na caixa. Quando acabou, aceitou ir embora. Marco fez questão de levar a sua caixa junto comigo até a sala de testes, onde a caixa é guardada. Dizia: “Eu levo, eu sou forte!”.”

Foi surpreendente o fato de Marco, após o diálogo sonoro, aceitar de pronto o fato de ter que ir embora. Penso que a minha surpresa foi fruto da inevitável comparação do resultado desse diálogo sonoro não verbal, com a nossa conversa anterior, na qual eu argumentei escolhendo cuidadosamente as palavras. Escolhi os melhores argumentos para Marco se sentir seguro de seu lugar terapêutico comigo, e aceitar ir embora. No entanto, frente aos meus argumentos verbais, Marco mostrou-se impermeável. Parecia ignorar as minhas justificativas.

Algo parece ter se processado de modo diferente com a conversa sonora não verbal. Apesar de o conteúdo da conversa não poder ser precisado, parece-me que Marco compreendeu o que eu pretendia dizer.

Após a conversa sonora, Marco aceitou ir embora com tranqüilidade. Ficou a nítida impressão de que, durante essa conversa, o vínculo entre nós estava sendo travado. Marco poderia mesmo ir embora tranqüilo.

Faz questão de levar a sua caixa, dizendo: “Eu levo, eu sou forte!”

3ª sessão: Dur

ante essa sessão, o fenômeno sonoro não verbal mais significativo foi provocado pelo estouro das bexigas que Marco trouxe de sua casa.

“Ficou batendo com a espada no divã com uma postura de quem estava lutando. De repente, interrompe a brincadeira, olha para trás e vê as bexigas que havia trazido. Pega uma delas e tenta furá-la com a espada. Tenta várias vezes, mas não consegue porque a bexiga escorrega. Já irritado, leva a bexiga até mim e pede:

-Segula?
-Você me pediu pra segurar a bexiga?
-É, segula! diz impaciente.


Segurei a bexiga, enquanto Marco continuou tentando enfiar a faca nesta. Até que conseguiu. E, é claro: a bexiga estourou- BUMMM! Marco deu um pulo para trás, parecendo se assustar com o som da bexiga estourando. Em seguida, caiu na gargalhada, olhou para mim arregalando os olhos, parecendo querer me fazer cúmplice de seu ato. Disse eufórico: “-etolo, etolo!!”” Ao estourar a bexiga, Marco pareceu ter sentido uma mistura de susto e prazer. Susto por ter conseguido estourar a bexiga e provocado o som da explosão? Prazer em surpreender-se com o seu poder? Em surpreender-me com o seu poder?

Essas seriam possíveis interpretações adultas dessa brincadeira de criança. De qualquer forma, Marco parece ter realmente gostado dessa experiência. Fez o mesmo com as outras duas bexigas que havia trazido. Reagiu aos outros dois estouros de modo semelhante.

"Logo depois, foi pegar uma das outras duas bexigas que ainda estavam cheias. Pegou e disse como quem faz uma ameaça:

-Vou etolar!!!.... vou etolar!!!

Em seguida, coloca a bexiga na minha mão e pede para eu segurar. Segurei. Pegou então a espada para estourar a segunda bexiga. A borracha da bexiga cedia, e, enquanto a bexiga não estourava, Marco fazia uma cara de quem está fazendo muito esforço. Gemia de força e babava sem parar. De repente, a bexiga estourou, e Marco deu um salto e desatou a gargalhar em alto tom.

Não demorou para que Marco fosse em direção à última bexiga a fim de estourá-la assim como fez com as outras. Pediu que eu a segurasse, esforçou-se para estourá-la com a espada, e, quando a bexiga de fato explodiu, Marco assustou-se e gargalhou tal qual aconteceu quando as outras bexigas estouraram.”

A descrição do segundo estouro, revela que Marco parecia estar fazendo muita força, estava gemendo e babando. Fazia força com os braços, para manejar a espada de modo a conseguir estourar a bexiga. Por outro lado, estava com os lábios excessivamente relaxados, a ponto de babar.

No entanto, tanto o tônus dos braços, quanto o tônus da boca, estavam sendo utilizados para produzir sons: os braços estavam provocando o soar do estouro, e a boca hipotônica provocava o gemido. Um gemido que soava tímido, num baixo volume, mas que revelava um esforço sofrido. E um estouro forte, imponente, num alto volume, que revelava um poder surpreendente. Após o estouro, o salto e a gargalhada. O estouro transformou o gemido sofrido em gargalhada solta.

As bexigas acabaram, e Marco começou a me ameaçar com a espada. Reagi ao primeiro leve toque da espada em mim com o som “bummm!” , parodiando o estourar da bexiga. Marco assustou-se e gargalhou. Instalou-se um novo jogo. Esta minha reação de responder sonoramente ao movimento sem som de Marco, acabou transferindo para mim o poder de “produzir os sons” relativos aos seus movimentos. Penso que essa posição não era terapeuticamente interessante, pois Marco dependia de mim para brincar. Dependia de mim para escutar o som que o fazia sentir-se poderoso.

A fim de transformar essa situação, não respondi sonoramente a um de seus movimentos

“De imediato, Marco chamou a minha atenção gritando:

- Faz BUMMM! Faz BUMM!

- Marco, você mesmo pode fazer esse som! Você acabou de fazer. Não quer experimentar?

Marco respondeu à minha pergunta (proposta) agindo. Continuou a me ameaçar com a espada, mas junto com o movimento, produzia o som vocal: Bumm! Fez mais uns três movimentos acompanhando-os com o som e gargalhando em seguida.”

Assim, Marco passou a ser responsável tanto pela produção do som forte, quanto pelo movimento. Eu parecia estar presente para Marco apenas como objeto a ser atacado.

Em seguida, Marco deixou a espada de lado e foi até a caixa.

“Pegou o telefone, discou-o, e logo em seguida começou a falar:

- ...Alô....... é........ é........tá.......tá bom.......ã.......ã...... não quero...... que mãe?.... tá.... tá.... eu odeio...... é ......é..... que saco....... que saco..... tá...... tchau, um beijo.

Assim que colocou o telefone no gancho, eu perguntei:

-Você estava falando com a sua mãe?

-É.

-E o que ela estava falando pra você?

Marco pareceu ignorar a minha questão”

Eu deixei Marco sozinho produzindo o som e ele parece responder me excluindo da conversa no telefone.

Talvez o fato de experimentar, durante essa sessão, a sensação de poder por meio do sonoro tenha preparado Marco para traduzir em “palavras sonoras” aquilo que teria a dizer para a sua mãe.

Apesar da possibilidade de ter existido um ganho terapêutico por meio do jogo sonoro de Marco, alguns aspectos dessa sessão me incomodaram:

- Marco produziu o som, no início, explodindo as bexigas, ou seja, para produzir sons, Marco teve de destruir a bexiga.

- Instaurou-se um jogo de poder em torno de quem era responsável pela produção do som. Não houve de fato uma situação de intimidade entre nós dois. O som era um indicativo de poder. Durante esse jogo, enquanto um de nós produzia o som , o outro permanecia excluído numa posição não sonora.

A partir dessas reflexões a cerca da terceira sessão, pensei em introduzir instrumentos musicais como parte do material lúdico de Marco. Dei preferência aos instrumentos de sopro, cujo uso se aproxima da linguagem falada. Preocupei-me também em introduzir pares de instrumentos, para que fosse possível um diálogo sonoro em que nós dois usássemos o mesmo tipo de instrumento. Usando instrumentos musicais, Marco não precisaria mais destruir a bexiga para conseguir produzir sons. Ao contrário, os instrumentos musicais poderiam ser usados para construir música.

5ª sessão:

A quinta sessão foi a segunda em que foram trazidos os instrumentos musicais. Penso ser significativo o fato de Marco, antes de se interessar pela caixa lúdica, ir “direto brincar com os instrumentos ....

Pega o Kazzoo, canta com ele e pergunta:

-Lembra o que eu fiz?

-Lembro

(Marco na sessão passada havia descoberto como se toca o kazzoo. No começo, ficou fazendo um esforço assoprando e, de repente, conseguiu tirar o som. Percebeu quando o som saiu e, improvisando com o Kazzoo, parecia querer mostrar para mim o som que ele estava produzindo com aquele instrumento...)”.

O fato de Marco ter me perguntado se eu me lembrava do que ele tinha feito na sessão anterior, mostra que ele percebe um percurso nas nossas sessões. De alguma forma, o Kazzoo, instrumento introduzido havia apenas uma semana , já parecia fazer parte da “nossa história”, do percurso terapêutico de Marco junto comigo.

Em seguida, Marco, que já estava tocando o Kazzoo, “... pega então o outro kazzoo e dá para mim. Iniciamos um diálogo improviso de kazzoos. Ele improvisava e aguardava a minha resposta. Isso aconteceu por algum tempo até que Marco deixou o kazzoo de lado e pegou o rói-rói. Pegou um para ele e deu o outro para mim. O diálogo sonoro estabeleceu-se novamente.”

Chama a atenção o fato de Marco me dar o instrumento para que eu também produzisse som. Diferentemente da terceira sessão, na qual o som parecia estar representando o poder de um de nós dois, nessa sessão Marco faz questão de que eu também possa produzir sons em parceria com ele. Estabelece comigo um diálogo sonoro.

“Depois de algum tempo de “conversa”, pegou um apito de sirene e começou a brincar com ele. Deu para mim a outra sirene para que eu tocasse com ele. Nós dois estávamos com o apito de sirene na boca, tocando-a. Foi aí que ele se aproximou de mim e encostou a ponta externa do seu apito de sirene no meu. Foi uma espécie de beijo de sirenes. Nós dois continuamos a produzir o som da sirene, até que Marco se distanciou de mim, tirou o apito da boca e pegou os dois Kazzoos. Deu um para mim e travamos um novo diálogo sonoro. Foram perguntas e respostas, até o momento em que os dois kazzoos estavam produzindo a mesma freqüência de vibração ( a mesma nota, tom musical). Então, Marco aproximou-se de mim tal qual fez com a sirene e me deu um “beijo de kazzoo”, enquanto os kazzoos soavam em uníssono.

A partir do diálogo sonoro, surgiu a oportunidade de Marco expressar-se afetivamente via som. Marco aproximou-se de mim numa atitude carinhosa. O “beijo de sirenes” e o “ beijo de kazzoos” parecem apontar uma proximidade fusional entre nos dois. Estávamos soando em uníssono. Ligados pela extremidade dos Kazoos, parecíamos ser um só instrumento soando em harmonia.

Entretanto, os instrumentos não foram utilizados por Marco apenas para expressar carinho. “Distanciou-se de mim, pegou um roi-roi (martelinho), me deu o outro, e iniciou um novo diálogo. No decorrer desta conversa sonora, Marco foi ficando irritado. Aumentava progressivamente a intensidade, a força com que tocava o roi-roi. O andamento do ritmo, que no início era lento, foi aumentando a sua frequência, ficando mais e mais rápido. Estava numa postura de luta. Tive a nítida impressão de que Marco queria me bater com aquele instrumento.”

Marco passeia do beijo à irritação por intermédio da comunicação via instrumentos. Expressa a irritação e a agressividade tanto por meio de sua postura quanto pela forma de sua expressão sonora- aumentando a força, a intensidade e o andamento do ritmo.

Em seguida, “vai até a caixa e pergunta: -O que tem aqui? Bexiga?! Nossa, eu vou adolar!!”

Marco pede para que eu encha uma bexiga. Assim que eu encho, ele fala várias vezes “Eu vou adola”, até que fica mais claro que Marco não estava dizendo que ia adorar mas sim que ia estourar. “Eu vou estoular, vai fazer BUMMM!”.

“No entanto, em vez de estourar a bexiga, Marco joga a bexiga para mim. Eu jogo para ele e assim por diante. Ficamos um bom tempo jogando bexiga, até que Marco se cansa, deixa a bexiga cheia de lado e pede para que eu encha uma outra que está vazia”

A bexiga cheia, que na terceira sessão estava sendo vista por Marco como possibilitadora de um som poderoso ao ser estourada, não foi estourada. Ao contrário do estabelecimento de uma relação de poder por meio do som do estourar da bexiga, Marco estabelece um jogo comigo em que o toque dos dois é fundamental para manter a bexiga no ar. De novo, fica patente a relação de intimidade e parceria já vivenciada pelos diálogos sonoros.

Por volta da oitava sessão, Marco já estava conseguindo se expressar melhor por meio da linguagem falada. Chegou até a me contar estórias. A mãe também diz ter percebido uma melhora na fala do filho.

O atendimento de Marco foi interrompido por impossibilidade de os pais o levarem para a Clínica da PUC. Foi uma pena!

Reflexão final

O caminho que percorri na construção deste trabalho me proporcionou fazer um recorte de algumas posssibilidades do uso do sonoro musical como um recurso psicoterapêutico.

Relacionando música e linguagem verbal, investiguei a respeito das peculiaridades do comunicar musical e percebi que o conteúdo do dito musical não pode ser precisado. O dito musical, diferentemente da palavra, não carrega significados intrínsecos. Ainda assim, na imprecisão sonora, algo que não se traduz em palavras se revela. Um clima, uma afinação, uma clareira de sentidos se abre por trás do véu da não palavra.

Por meio do diálogo sonoro entre Marco e eu na primeira sessão, o vínculo entre nós foi travado. Ao contrário da longa e infrutífera conversa de palavras na qual eu procurei ser o mais precisa possível na exposição do sentido de Marco ter que ir embora, a nossa posterior conversa sem palavras, apesar de totalmente imprecisa quanto ao seu conteúdo, pareceu revelar a Marco a minha intenção. Abriu para Marco a possibilidade de compreender algum sentido em ter de ir embora.

Talvez a relação do homem com a música esteja referida ao seu primeiro contato sonoro com o mundo. Como o som da voz de sua mãe quando a palavra ouvida ainda era pura melodia desprovida de um significado preciso. “A voz da música é a voz da mãe”, disse Lacas.

Como educadora musical, percebo que a música é, para a criança , uma via de expressão que, freqüentemente, é mais fluente do que a palavra. A criança faz música brincando. A criação musical é, para criança, mais um ingrediente na alquimia das fantasias com que brincam e se expressam. Tanto Dibs quanto Marco utilizaram a linguagem musical para se expressarem no espaço da psicoterapia.

A minha intenção, neste trabalho, não foi a de defender um parecer conclusivo em relação à questão da música como possibilidade na relação paciente-psicoterapeuta, nem a de defender a importância do uso de instrumentos musicais na psicoterapia infantil. O meu objetivo, com este trabalho, foi o de refletir e aprofundar; a questão da música como possibilidade na ludoterapia, procurando a aproximação do meu atual modo de escuta psicoterapêutica.

Percebi que, independentemente do uso ou não de instrumentos musicais, a minha escuta terapêutica carrega em si uma sensibilidade musical que me leva a estar atenta para o sonoro não verbal presente no discurso do paciente e no meu. Essa reflexão do sonoro em mim está longe de se calar (ou de me ensurdecer).

Pensando assim, este trabalho têm na gênese de sua proposta a impossibilidade de se pretender conclusivo. A realidade é maior do que o conhecimento e, este trabalho, é apenas uma reflexão, um reflexo verbal do que, como psicoterapeuta iniciante, pude hoje escutar do sonoro musical.

Notas e Referências Bibliográficas:

(1) Este artigo é uma condensação de um trabalho de conclusão de curso de 1996
(2) Psicóloga formada na faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica - São Paulo
ADORNO, T. - Fragments sur les rapports entre musique et langage- in Quasi una fantasia, Paris, Gallimard, 1982
ANZIEU, D. -O envelope sonoro - in Anzieu,D. -O Eu Pele - São Paulo: Casa do Psicólogo, 1989.
AXLINE, V.M - Dibs: em busca de si mesmo. - Rio de Janeiro: Agir, 1995.
BRITO, T.A - Cenas infantis a musica das crianças: um projeto de musicalização - Trabalho não publicado
CERVELINE, N.G.H. - A criança deficiente auditiva e suas reações à música - São Paulo: Ed Moraes, 1986.
JORGE, A.L.C. - O Acalanto e o Horror- São Paulo: Escuta, 1988.
LACAS, PP. - “Autour de L’inconscient de la musique”, in Dissidence de L’inconscient e pavo
ir TAME, D.- O poder oculto da música - São Paulo: Cultrix, 1984.
WISNICK, J.M. - O som e o sentido - São Paulo: Companhia das Letras: Círculo do livro, 1989